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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Compreendo o surgimento e desenvolvimento do lesbianismo!


A homossexualidade feminina não tem um modelo de desenvolvimento previsível e é capaz de alternar durante a vida da mulher, com períodos de heterossexualidade. Muitas lésbicas crêem que sua sexualidade é uma opção que fizeram com fruto de seus interesses políticos feministas. Mesmo assim, creio que o caminho mais comum ao lesbianismo é uma situação de vida que cria uma atitude profundamente ambivalente para com a feminilidade, transmitindo a mensagem interna: “Não é seguro e nem desejável ser uma mulher.”

Essa psique feminina ferida pode ser o motivo de muitas lésbicas serem patrocinadoras de causas políticas feministas. A psicoterapeuta Diane Eller- Boyko, a ex-lésbica casada, observa o seguinte:

Nossa cultura honra especialmente o masculino – a força, o domínio, a realização e a luta. Isso cria em muitas mulheres uma divisão neurótica de suas naturezas autênticas. A mulher reprime a ferida e a dor internas e começa a identificar-se com o masculino. É a partir das feridas na psique feminina ferida que ainda não sararam que ela se torna agressiva e fala alto. Muitas mulheres hoje são deprimidas, fechadas e super ativas.

O lesbianismo, muito naturalmente, alia-se com o feminismo. Na comunidade lésbica, ouve-se: “Você não precisa de um homem, pode atuar por conta própria”. Ou: “Para que servem os homens? Só querem uma coisa. Quem precisa deles?”. Isso, combinado com uma atitude de rebeldia para com a idéia de receptividade, é parte do lesbianismo.

Contudo, a receptividade é o próprio cerne do feminino. Em vez de patrocinar uma guerra contra os homens, precisamos trazer de volta o espírito doador de vida do feminino.

Sem o saber, muitas mães transmitem uma imagem nada atraente de feminilidade a suas filhas. Como explica Eller- Boyko:

Mas que não podem honrar o feminino em suas próprias naturezas tornam-se indisponíveis, desinteressantes, deprimidas, iradas e compulsivas – vivem por causa de rituais neuróticos que elas usam a fim de preencher o cerne vazio de seu ser. Suas filhas são machucadas por isso. E, assim, as filhas levam em frente essa ferida ao espírito feminino para mais outra geração.

Tal jovem senhora pode procurar uma ligação mais profunda com o feminino por meio de um relacionamento intenso de mesmo-sexo. As mulheres, por natureza, procuram criatividade, tranqüilidade, um sentimento de ser centrada. Mas, diz Eller- Boyko, quando uma mulher privada de identificação de gênero fica perto de outra mulher, “sentimentos de atração pelo mesmo sexo podem vir à tona porque ela pensou que essa afinidade era uma manifestação sexual. Essa rica experiência emocional torna-se sexualizada. Mas não diz respeito à sexualidade”.

O que é tão poderoso sobre um relacionamento lésbico é que uma mulher sente-se realizada ao estar ligada com aquilo com que perdeu contato – sua própria feminilidade:

A ligação com outra mulher a leva a sua própria vida interna, àquela parte de si em que ela começa a experimentar sua própria natureza feminina...

Mas quando uma mulher já rejeitou sua própria feminilidade, ela paga um preço. Porque, ao buscar unir-se com outras mulheres, ela está tentando unir-se consigo mesma – e esse tipo de união, afinal, não é capaz de curar a psique.

Com outra mulher, ela terá só a ilusão da inteireza. A “sombra” – representando aquelas verdadeiras necessidades desenvolvidas e que nunca foram satisfeitas – passarão a assombrá-lá.

A situação da moça que acaba por sentir uma atração homossexual por outras mulheres é, sob vários aspectos, simétrica da do rapaz, embora a comparação não seja absoluta, pois a variedade dos fatores preparatórios é maior que no homem.

Quando eram crianças, muitas mulheres com inclinações lésbicas tiveram a sensação de não serem compreendidas pela mãe. Esta sensação de distância da mãe apresenta muitas facetas. Um exemplo significativo é o de uma mulher que me dizia: “A minha mãe fez tudo por mim, mas era muito difícil conseguir falar com ela das minhas coisas pessoais e do meu mundo afetivo”. Outras queixas: “A minha mãe nunca tinha tempo para mim”, “A minha mãe dava-se muito mais com a minha irmã do que comigo”; “Ela tratava de todas as coisas por mim e fez com que eu ficasse uma criancinha pequena”; “Ela estava muitas vezes  doente”; “Esteve internada várias vezes em um hospital psiquiátrico”; “Abandonou a família quando eu ainda era pequena”; etc.

Às vezes a moça teve de assumir o papel materno relativamente ao resto da família, por ser a irmã mais velha ou teve de fazer papel de mãe por esta não exercer a função como devia. Empurrada para esta situação, a moça sentiu-se, ela própria, privada do calor de uma mãe que a compreendesse.

Também há casos em que a mãe se sentiu inibida como mulher, ou não à vontade no seu papel feminino, inspirando à filha uma atitude crítica contra aquilo que entendia por papel feminino, transferindo essa imagem à filha, de modo que a moça alimentou uma atitude de rejeição contra a sua própria natureza feminina. 

Algumas mulheres lésbicas tinham a impressão de que a sua mãe teria preferido um filho rapaz em vez delas e, portanto, sentiram-se levadas a imitar comportamentos e proezas de rapaz, em lugar dos que seriam próprios de uma moça.

É a mãe que contribui em primeiro lugar para a confiança de uma moça em si própria como mulher. Quando a mãe consegue que a sua filha se sinta apreciada como mulher, a moça sente-se à vontade no mundo feminino e entre as companheiras da sua idade. Nas mulheres com orientação homossexual, muito freqüentemente, o relacionamento com a mãe não era pessoal e confidencial; não havia partilha de interesses femininos, nenhuma atividade de caráter feminino realizada em conjunto. Em conseqüência, a moça não se sentiu devidamente apreciada como uma moça: quer dizer, diferente de um rapaz, mas tão digna de apreço como ele.

O modelo das relações pai-filha também parece assumir um número considerável de variantes. Algumas mulheres com tendências lésbicas estavam excessivamente apegadas ao pai como o “amigo especial”. Às vezes esta dependência era uma espécie de escravidão, pois o pai queria-as numa função específica, de modo que a relação não era natural e livre de coação. Em alguns casos o pai teria preferido que a filha fosse um filho, um camarada, e estimulava  nela certas atitudes, interesses, atividades de tipo masculino, dando uma importância desproporcionada, por exemplo, aos seus resultados profissionais na escola ou às suas classificações desportivas ou ao desempenho de papéis sociais importantes. Compreensivelmente, a moça sentia-se incompreendida no seu íntimo e não aceite de forma realista como a pessoa que de fato era.

Em outros casos, o pai via na filha o apoio e o conforto de uma figura materna, tinha o costume de gabá-la e colocava-a numa situação privilegiada, mas, na realidade, fazia isto para comprar a sua dedicação. Também houve registros de casos de pais com personalidade débil, que se apoiavam excessivamente na mulher. Em todas estas situações, os laços emocionais da mulher lésbica adulta com o pai continuavam a girar à volta da “criança de outrora”, que ela leva em si.

Ao contrário, outras mulheres com este problema não tinham sido as “meninas do papai”, mas antes as filhas não desejadas e não aceitas, pelo menos a julgar pelo modo em que elas próprias viram a sua situação. 

Freqüentemente eram criticadas, sentiam o desprezo ou pelo menos a falta de interesse em relação a elas. Os comportamentos e interesses masculinos hiper-compensativos de algumas destas mulheres podem ser atribuídos a uma reação contra essa atitude de não aceitação por parte do pai, levando a moça a olhar o papel masculino como superior e procurando desempenhá-lo. Foi assim que, as sensações negativas contra o pai juntamente com os esforços masculinizantes hiper compensativos, com o objetivo de viver ao seu nível e de conquistar o seu apreço, confluíram no complexo neurótico.

Para concluir, uma boa e normal relação pai-filha é estatisticamente menos freqüente  nas mulheres com orientação homossexual que nas mulheres heterossexuais.

Outras Influências

Em algumas mulheres, um complexo de serem feias, com o matiz de se sentirem menos femininas, menos atraentes como moças, pode ter tido uma influência como fator desencadeante da evolução homossexual.
Em outros casos, o impulso partiu da comparação com uma irmã, considerada (pela própria moça ou pelo ambiente) como mais atraente ou melhor sob outros aspectos.

Em outros casos ainda, a moça sentia-se inferior relativamente aos seus irmãos – “Sou apenas uma moça”-, procurando imitá-los na sua masculinidade.  Na adolescência, o tipo de atenção de que foi objeto por parte do outro sexo pode ter aberto a ferida: “Não me acham atraente como as outras moças”, “Não me convidam”, e situações semelhantes. Uma moça que se sente menos apreciada pelos rapazes pode chegar a admirar a feminilidade de outras moças em que os outros reparam mais. Alguns fatores de predisposição como os mencionados acima inter atuam e reforçam-se mutuamente, tanto nas moças como nos rapazes.

Uma parte das moças que posteriormente desenvolveu um complexo lésbico comportava-se de certo modo menos como moças ou como mulheres do que corresponderia à sua idade; isto produzia nelas uma impressão de insegurança no papel feminino, como possíveis reações hiper-compensativas, tais como o assumir atitudes de desleixo e indiferença, de querer liderar e dominar à viva força, procurando superar os rapazes em masculinidade, ousando tudo, comportando-se de modo agressivo, sendo rudes e duras. Podem ter mesmo alimentado um manifesto desagrado pelos comportamentos, os vestidos e as atividades domésticas femininas. 
Esta afirmação masculina de hiper-compensação aparece marcada pela perda da doçura natural. Aliás, esta segurança é uma exibição: percebe-se bem toda a tensão emocional que corre por baixo.

Não se quer dizer que as mulheres com esse complexo tendam sempre a comportar-se de modo “masculino”; nem que as mulheres que assumem aquelas atitudes tenham por força inclinações lésbicas; mas existe uma correlação. De qualquer modo, um comportamento excessivamente masculino nas mulheres é quase sempre um sintoma de complexo de inferioridade.

O principal fator no desenvolvimento de uma orientação lésbica é a comparação que a moça faz com as outras da mesma idade e com certas mulheres “ideais” mais maduras. Tal como no caso dos rapazes, o fator crucial é subjetivo, isto é, a imagem que a moça tem de si mesma. Por esta razão, às vezes, embora não seja o mais freqüente, uma moça cujo comportamento, objetivamente, seja perfeitamente feminino pode evoluir no sentido de um complexo lésbico.

Na adolescência uma moça quer ter amigas e ser uma delas. A sua solidão e o seu sentido de marginalização fazem suspirar por amigas admiradas ou algumas figuras de mulheres ideais. Se uma moça se sente privada do afeto e da compreensão da mãe, pode voltar-se para um tipo de mulher ideal que possui aos seus olhos as características maternais desejáveis: por exemplo, uma professora afetuosa ou condescendente, ou uma moça mais velha que se apresenta com atitudes maternais. A moça que se auto-comparece quer ter a atenção exclusiva do seu ídolo e agarra-se a essa esperança: “Quem me dera que ela me quisesse devotar o seu amor!”.

“A queixa de muitas mulheres lésbicas era que bem poucas tinham podido encontrar verdadeiras amizades na sua adolescência”, escrevem os psicólogos americanos Gundlach e Riess nas conclusões de uma investigação sobre mais de 200 mulheres socialmente bem adaptadas que sofriam deste complexo. A “criança queixosa” interior continua a alimentar-se dos mesmos sentimentos que tinha na juventude: inferioridade, solidão, auto-compaixão e uma ânsia insaciável.

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